
Abordagem Clínica

FRATURA DE TÁLUS
F.A.M.O., 28 anos, corretor de imóveis, sofreu um acidente automobilístico (motocicleta) com trauma direto na região do pé resultando em fratura do Tálus e rompimento dos músculos Tibial Anterior (responsável pela Dorsiflexão e Inversão do tornozelo) e Extensor Longo dos Dedos (responsável pela dorsiflexão do tornozelo e extensão dos dedos do pé).
O tálus é o principal osso de conexão entre o pé e a perna, envolvido em vários planos de movimento e é responsável pela transferência das forças de pressão e tração para o pé.

Ele é composto por 3 partes: a cabeça, o colo e o corpo. A maior parte de sua superfície é coberta de cartilagem. A cabeça articula-se anteriormente com o osso navicular; o corpo articula-se inferiormente com o calcâneo, fazendo movimentos para dentro e para fora do pé (inversão e eversão) e, em sua porção superior, articula-se os ossos da perna (fíbula e tíbia), responsável pelo movimento para cima e para baixo (dorsiflexão e plantiflexão) do tornozelo. O colo conecta a cabeça ao corpo e recebe inserções ligamentares e capsulares, além de ser um local importante para a vascularização do tálus.
As fraturas do tálus são graves, pois o osso é muito interno e para ocorrer a fratura é necessário muita força, além de lesionar articulações importantes para os movimentos do tornozelo e do pé. Associam-se com lesão vascular local, causando deficiência circulatória, podendo ocasionar necrose avascular do tálus, isto é, o infarto (morte) parcial do osso fraturado pela falta de suprimento sanguíneo. A necrose avascular do tálus (ou osteonecrose) é uma das complicações mais graves que pode ocorrer após a fratura do tálus.
O paciente F.A.M.O. foi submetido a uma cirurgia para a colocação de implantes metálicos para estabilização do Tálus e foi realizado a reconstituição dos tendões acometidos.



Após 56 dias, foi encaminhado para a fisioterapia com solicitação de técnicas analgésicas e para ganho de amplitude de movimento
Na avaliação, foi visto que o mesmo se encontrava ainda em processo de cicatrização, com edema generalizado, hipertérmico de aspecto avermelhado. Não apresentava movimentação ativa de tornozelo (dorsiflexão, flexão plantar, inversão e eversão) e extensão dos dedos. Apresentou leve movimento de flexão dos dedos. Amplitude de movimento passiva restrita com presença de dor intensa. Ainda sem liberação para apoio.
Em entrevista com o Fisioterapeuta Augusto César Luciano do Valle, especialista em Próteses e Órteses, responsável pelo setor de Fisioterapia na Academia Espaço Aquarela LTDA, foi relatado que o objetivo da fisioterapia no caso desse paciente era ganho de amplitude de movimento e força, além de mobilidade articular e analgesia. As técnicas usadas foram de alongamento geral, mobilização cicatricial e articular, FES (estabilização elétrica), estimulação para ganho de força e descarga de peso parcial.
Cerca de 8 meses após o início do tratamento, o fisioterapeuta relatou que durante o tratamento houve boa progressão de sinais inflamatórios e cicatricial. Houve uma evolução lenta para ganho de força, mas dentro de uma restrição na amplitude foi observado melhora e, ganho de amplitude de movimento para dorsiflexão restrita a 10°, característico de anquilose articular.
O paciente ainda encontra-se em processo de reabilitação, e relatou melhora significativa nos movimentos, na marcha e no edema do membro acometido.